26/02/09

Depressão pós-parto

É importante distinguir duas situações: a primeira designa-se baby blues e praticamente todas as recém-mamãs passam por ela. A segunda é a chamada depressão pós-parto.

Enquanto que a gravidez é vivida no quadro de um certo bem-estar psicológico, ao pós-parto associa-se, geralmente, uma diminuição do bem-estar da mulher. De facto, o período pós-parto é considerado um período de risco psicológico/mental na vida da mulher. Caracteriza-se por uma fase de instabilidade emocional, que afecta a grande maioria das mães, com sintomas que podem ser diversos.
Este quadro decorre do facto da mulher se ter que adaptar a um conjunto de mudanças que ocorrem a nível biológico, psicológico, conjugal e familiar, do qual pode resultar um desequilíbrio.As primeiras mudanças associadas à maternidade verificam-se a nível biológico. O corpo da mulher muda progressivamente, ao longo da gravidez, mas, abruptamente após o nascimento do bebé.

A nível hormonal, os valores de progesterona e estrogénio que foram aumentando de forma gradual ao longo da gravidez, decrescem de forma brusca depois do parto, para voltar a assumir em poucos dias os valores anteriores à gravidez. Além disso, verifica-se a ocorrência de um aumento acentuado de prolactina para que se estabeleça a lactação (O`Brien & Pitt, 1994; Wieck, 1996, citados por Figueiredo, 2001).Também a nível psicológico se operam grandes mudanças, sobretudo no que respeita à autonomia da mulher que passa a ter a seu cargo um bebé. Como consequência terá que integrar a sua identidade materna na sua identidade pessoal.A nível conjugal, também ocorrem mudanças nomeadamente no que concerne à assumpção do novo papel parental, o qual deverá conciliar-se com a vida do casal.
Não obstante, pode ainda sinalizar-se todo um conjunto de mudanças a nível familiar, dado que a presença do bebé irá interferir com o equilíbrio existente entre os diversos membros da família.
Decorrida a euforia do pós-parto imediato, as mulheres tendem a entrar num estado ligeiramente depressivo - choro fácil, mudanças bruscas de humor, sensação de incapacidade, decepção, medo, insegurança, insónia, ansiedade, fadiga, irritabilidade e hipersensibilidade. Este quadro é benigno, não precisa de tratamento e denomina-se de “baby blues”. Ocorre sobretudo em consequência das alterações hormonais.

Alguns autores vêem no blues pós-parto “uma resposta emocional adequada e importante para a sobrevivência da espécie, dado que facilita a aproximação da mãe ao bebé” (…) “O blues pós-parto – considerado um aumento da reactividade emocional aos estímulos – constituir-se-ia, deste modo, na expressão subjectiva da activação do sistema biológico que promove a ligação mãe-bebé após o parto”
Apesar de ser um fenómeno normal e adaptativo, requer das pessoas mais significativas da mulher (companheiro, familiares, amigos) muito carinho, compreensão, apoio e incentivo. Ser mãe é algo que se aprende a cada dia e, como tal, torna-se essencial estar rodeada de pessoas que encorajam e apoiam as suas intuições, as tentativas para ser mãe, os comportamentos adoptados.
O apoio e participação da família são, deste modo, fundamentais para que esse estado depressivo normal durante o puerpério (baby blues), não se transforme em algo mais sério. Se este estado depressivo se prolongar é fundamental procurar ajuda especializada.

Fonte: FIGUEIREDO, Bárbara - Perturbações psicopatológicas do puerpério in CANAVARRO, Maria cristina - Psicologia da gravidez e da maternidade. Editora Quarteto, 2001

1 comentário:

  1. ola,infelizmente ou felizmente passei há já dez anos por uma depressão pós-parto,derivado a ela,não soube o que era amamentar,dar banho ou simplesmente ter bontade de cuidar do meu bebe.sentime desprezada e abandonada por todos(o que não era verdade,apesar de não ter a minha familia por perto)sentia que só se preocupavam com o meu bebe ,ninguem me perguntava como eu estava,recuperi a minha auto-estima sem consequencias ,nem ajudas de qualquer tipo,sozinha.por isso talvez da 2º gravidez me tenha precavido e correu tudo lindamente desde ter amamentado ate aos 18m,e de ter feito papel de mãe e pai e com a mais velha de 4 anos.so tenho pena que nas maternidades nao haja informaçao afixada mesmo antes das mães terem os seus filhos.e claro alertarem os pais para as pequenas alteraçoes que nos temos ,pois são bem notorias!ja na 3ª viagem,peço a deus que nao me sinta assim...como da 1ª,e se tal acontecer irei então procurar ajuda especializada!
    jinho
    carmo

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