26/02/09

A vida sexual do casal

A muitas mulheres custa-lhes reiniciar os contactos sexuais com o seu companheiro depois de terem dado à luz. O corpo e a mente encontram-se deslocados. A recente mãe, ainda convalescente do parto, enfrenta uma situação desconhecida, cheia de mudanças e de novas responsabilidades, que contribuem para diminuir o interesse pelo sexo. Trata-se de uma circunstância muito frequente e que se ultrapassa com facilidade, mas que se se prolongar pode afectar a relação do casal.

Quando se pode voltar a fazer amor?
As relações sexuais completas (com penetração) podem reiniciar-se entre quatro e seis semanas depois do parto, quer este tenha sido normal quer tenha sido de cesariana. Este período, chamado quarentena, é o tempo necessário para que o aparelho genital da mulher volte ao seu estado habitual. Começar antes desaconselha-se devido ao risco de lesões e infecções - além da dor - no útero e na vagina (é preciso esperar que se curem as feridas do parto). Além disso, se se efectuou uma episiotomia (incisão no períneo), é possível danificar a cicatriz (poderia abrir-se). Passado esse tempo mínimo, os profissionais recomendam que, salvo impedimento físico, o casal volte a fazer amor o mais depressa possível para intensificar a relação afectiva. Nem a ausência de menstruação nem o aleitamento impedem uma nova gravidez, por isso é preciso tomar precauções desde o início.

E se não me apetecer?
A falta de desejo é frequente nas mulheres que acabam de dar à luz. Segundo os especialistas, deve-se ao choque hormonal, físico e psicológico que existe depois da gestação e do parto. A chegada do bebé altera os hábitos e o modo de vida do casal, especialmente na mulher. Um recém-nascido exige toda a atenção da mãe que, como se não fosse pouco, acaba de passar por uma prova física muito dura. Não é de estranhar que esteja cansada, que não se sinta bem e trate de adiar o contacto sexual com o seu companheiro.

É normal sentir dor?
Muitas mulheres temem fazer amor com medo de que a penetração seja dolorosa. Este medo é mais frequente em mulheres que sofreram episiotomia ou que tiveram um parto traumático (por exemplo, com fórceps). É normal que ao princípio, mas só ao princípio se sintam dores que desaparecem em pouco tempo. Se persistirem, é melhor consultar o ginecologista para que averigue a causa (os pontos da episiotomia podem ter-se solto ou infectado).Outro fato que pode dificultar as relações e torná-las mais dolorosas é a secura vaginal. O estado da vagina é o reflexo da situação hormonal, e enquanto os ovários não recuperarem o seu funcionamento correcto (aos 30 ou 40 dias), é normal a falta de lubrificação. Se a mulher estiver a amamentar, esta circunstância pode prolongar-se até ao desmame. O uso de um produto lubrificante (à venda nas farmácias) pode combater este problema temporário.

Porque mudaram as sensações?
Ao reiniciar as relações sexuais, a mulher pode perceber que as sensações durante o coito não são as mesmas que antes. Isto deve-se ao fato das paredes da vagina estarem um pouco mais distendidas. Não podemos esquecer que, durante o parto, por esse corredor tão estreito passou a cabeça do bebê, que normalmente mede nove centímetros de diâmetro. No entanto, o tecido vaginal é muito elástico e recupera o seu tónus rapidamente, voltando a ser como antigamente (ou quase).

Factores psicológicos
São numerosos os motivos pelos quais uma mulher pode recusar o contacto sexual depois do parto sem que exista uma causa de tipo físico. Às vezes, o ser mãe pode fazer-lhe esquecer que também é mulher. O bebé converte-se no centro do seu universo e tudo a sua volta, incluindo o seu companheiro, desaparece. O bebé, que até há pouco tempo não fazia parte das suas vidas, é agora uma presença constante que precisa de atenções e cuidados da sua mãe (ainda mais se o amamenta). Assim, muitos casais não encontram momentos para estar a sós e perdem a intimidade necessária para reiniciar a sua vida sexual. A enorme responsabilidade que é criar um filho, as dúvidas e inexperiência também preocupam muitos pais e produz-lhes um cansaço psicológico que, juntamente com o esgotamento físico, extingue o desejo. Também o medo a uma nova gravidez costuma ser uma razão frequente para não querer fazer amor.

Não me sinto atraente
É normal que a recente mãe se encontre um pouco desgostosa com o seu corpo. As marcas da gravidez e do parto são por vezes muito evidentes (quilos a mais, estrias na barriga ou peitos inchados) e podem demorar algum tempo a desaparecer. Isso pode fazer com que a mulher evite as relações sexuais (não quer que o seu companheiro a veja despida). Esta situação, quase sempre passageira, pode-se superar falando com o companheiro. Frequentemente, a mãe descobre que os seus temores são infundados (ele continua a vê-la atraente como antes). Além disso, é preciso que o pai tome consciência de que o seu apoio é agora mais necessário que nunca, e que a colaboração mútua nos cuidados com o novo filho ajuda a fortalecer os laços familiares. O resto, com algumas doses de ternura e paciência ir-se-á solucionando.

A ele não lhe apetece
Embora seja menos frequente, às vezes é o homem quem não deseja fazer amor. Pode suceder que tenha ciúmes (segundo o seu ponto de vista) da excessiva atenção que ela dedica ao bebé e se sinta relegado no seu papel de marido e companheiro. Também pode acontecer que, depois do parto, deixe de olhar para a mulher como tal e a veja só como mãe (sem conotação erótica). Costuma ser passageiro. O casal deve falar sobre isso e procurar soluções. Se isto não for possível, convém recorrer a um profissional.

1 comentário:

Olá mamãs! Obrigada pelos vossos comentários.